sábado, 27 de junho de 2009

Será interessante elaborar uma árvore profissional que ilustre quantas serão as especialidades profissionais afectadas pela não construção do que quer que seja, sem esquecer o bater das asas da borboleta....
Melhor será para alguns o esperar por uma vindoura garrafa de coca-cola, caída por entre imbondeiros...ou, bem vistas as coisas, encontrada neste imenso carvalhal.



"52 CONTRA 28: Combate entre economistas pelas grandes obras.

A favor do investimento público e contra as verdades absolutas dos economistas. José Reis, professor de Economia na Universidade de Coimbra e ex-secretário de Estado de Guterres na pasta do Ensino Superior, divulga hoje o seu manifesto a favor do investimento público como instrumento de política social de criação de emprego. Tal como i noticiou esta semana, esta é a primeira resposta ao manifesto avançado no passado sábado por 28 economistas e gestores (ver texto à direita), que pediram ao governo socialista que pare e repense os grandes projectos de obras públicas. O documento proposto por este economista de Coimbra - "O debate deve ser centrado em prioridades: só com emprego se pode reconstruir a economia" - reúne 52 assinaturas de pessoas maioritariamente ligadas à economia, mas onde também aparecem sociólogos, psicólogos e engenheiros agrónomos. "Afastamos completamente a ideia de que os economistas são agora os juízes da pátria, que há um saber económico que se sobrepõe às decisões colectivas", explica ao i José Reis, em resposta ao manifesto dos 28, onde entram nomes como Eduardo Catroga, Miguel Cadilhe ou Silva Lopes. André Freire, politólogo, professor do ISCTE e um dos subscritores do documento, acrescenta que "a economia não pode ser uma matéria reservada aos economistas". "Sou um defensor da chamada economia social, que é muito, muito importante neste cenário de crise que o país está a viver", afirma.A irritação que o manifesto dos 28 causou em muitos economistas portugueses deve-se ao tom de certeza absoluta com que os seus princípios contra os investimentos públicos foram enunciados, explica José Reis. Ao i, os promotores de um segundo contramanifesto que está a ser preparado a favor das obras públicas - Luís Nazaré, António Mendonça e Brandão de Brito, todos do ISEG, em Lisboa - já tinham exposto a mesma linha de raciocínio: a economia não se derrama para calar políticas públicas, não há conhecimento económico imperativo.À parte o estilo, a divergência de fundo deste manifesto de José Reis (ver texto à esquerda) face ao dos 28 é clara: em fase de recessão, o problema central da economia portuguesa é o desemprego e não o endividamento externo e público. Reis calcula que a taxa de desemprego em dois dígitos (12% em 2010, prevê a OCDE) custa 21 mil milhões de euros por ano ao país, em capacidade de produção desperdiçada, mais despesa em protecção social. Perante isto - e com a queda livre das exportações e do consumo e investimento privados -, a saída é clara, argumenta este manifesto. "Julgamos que não é possível neste momento enfrentar os problemas da economia portuguesa sem dar prioridade à resposta às dinâmicas recessivas de destruição de emprego. Esta intervenção, que passa pelo investimento público económica e socialmente útil, tem de se inscrever num movimento mais vasto de mudança das estruturas económicas que geraram a actual crise", aponta o documento. O debate sobre as grandes obras públicas na área dos transportes - TGV, aeroporto e auto-estradas - tem dominado o debate político entre o governo de José Sócrates e o PSD de Manuela Ferreira Leite, com o manifesto dos 28 a dar força à posição laranja, falando da rentabilidade e "timing" duvidosos destes projectos. Este novo manifesto não se pronuncia directamente sobre obras específicas - para José Reis, um dos seus objectivos do manifesto que promove é repor na agenda política e pública a importância do investimento público, "que tem sido retratado como sendo nocivo e comportando um fardo para a sociedade". A maioria dos subscritores é a favor dos projectos em si, embora discorde de aspectos como o traçado do TGV ou a localização do aeroporto em Alcochete. Já o documento de Luís Nazaré - que surgirá na próxima semana - deverá incidir mais sobre os projectos e menos sobre a questão social, apurou o i.Contra a necessidade de fazer mais estudos sobre a rentabilidade dos grandos grandes projectos, José Reis discorda - os estudos existem, há é que manter a decisão política. "Por outro lado não quero que um governo decida com base exclusiva em estudos de custo benefício, mas também em nome de outros valores, incomensuráveis [como o bem-estar social]", defende. A escalada na guerra de argumentos entre economistas e académicos - uns mais liberais (os 28, embora a homogeneidade não impere), outros mais keynesianos - à volta das grandes obras públicas surge depois do governo ter recuado na primeira decisão que seria vinculativa para a construção da rede de alta velocidade. A primeira ordem, após a derrota nas eleições Europeias, era para manter as políticas e os processos de adjudicação em curso, apesar da exigência do PSD. Dias depois, o governo moderou o discurso e acabou por anunciar o adiamento da decisão no concurso que ia adjudicar em Julho o primeiro troço da rede de alta velocidade (TGV), entre Caia e Poceirão, da linha Lisboa/Madrid. " - Bruno Faria Lopes, publicado em 27 de Junho de 2009 em www.ionline.pt

Sem comentários: